ACIJ solicitou a implantação de escola militar, com isso, Glória perde escola Osvaldo Aranha

Coordenação Regional de Educação informou que a solicitação para a vinda da escola militar foi pautada pela ACIJ em 2105. Comunidade não foi ouvida.

ACIJ solicitou a implantação de escola militar, com isso, Glória perde escola referência

Foto: Mauro Artur Schlieck

Reunião conjunta das comissões de Educação e Cidadania debateu na quarta (4) o fechamento de turmas da Escola de Educação Básica Osvaldo Aranha, no Glória, para implantação do Colégio Militar. O debate foi marcado a pedido de pais e professores.

O supervisor da Gerência Regional da Secretaria Estadual de Educação (Gered) Alcinei da Costa Cabral informou que a comunidade de Joinville foi atendida em seu pleito através de uma solicitação da Associação Comercial e Industrial de Joinville - ACIJ - realizada por um movimento de empresários da cidade para a Secretaria Estadual de Educação, no ano de 2015, com o objetivo de implantar em Joinville uma escola militar para atender filhos de militares e a comunidade em geral. Essa solicitação teve o apoio da hoje extinta, Agência de Desenvolvimento Regional.  

Ainda segundo Cabral, que pela legislação, 50% das vagas das escolas militares são garantidas para filhos de militares, e outros 50% são ofertados à comunidade. 

Para 2020, a escola militar que funcionará no prédio do Osvaldo Aranha conseguiu ocupar 29% das vagas para filhos de militares. O restante, 120 vagas, será para a comunidade. Segundo ele, 458 estudantes da comunidade se inscreveram para essas vagas.

O supervisor afirmou que a escolha dos estudantes será por sorteio, mas disse não ter mais informações por não responder pela Polícia Militar.

Uniforme populares de 2 mil reais e livros pagos

Vários munícipes usaram a palavra para reclamar do fechamento das turmas do Osvaldo Aranha. Para o ex-aluno do Osvaldo Aranha Mateus Binder, militarizar não é o problema. “O problema é a expulsão da comunidade da escola que sabemos que é de qualidade”, disse.

“Não se fecha escola, se abre escola”, reivindicou Cláudia Ferreira, mãe de aluno do Osvaldo Aranha. Ela denunciou que os contemplados para estudar no colégio militar terão que desembolsar cerca de 2 mil reais para aquisição de uniformes escolares e material didático.

Remanejamento

A coordenadora da Gered afirmou que de qualquer forma os estudantes têm as matrículas garantidas em escolas estaduais de ensino. Segundo ela, os alunos do Glória serão remanejados para a Escola de Ensino Médio Bailarina Liselott Trinks, no Vila Nova, e receberão vales transporte para se locomoverem até lá. A Escola Bailarina Liselott Trinks fica a 4,2 km da Escola de Educação Básica Osvaldo Aranha.

“A comunidade não foi consultada em nenhum momento”, reclamou o pai de aluno Renato Heizen. “Haviam 160 matriculas para o primeiro ano em 2020, o Osvaldo Aranha foi fechado não foi por falta de procura”, afirmou, e completou: “Meu filho vai demorar mais de uma hora para chegar de ônibus na escola, o que adianta dar passe? E o tempo perdido no deslocamento?”, questionou.

O professor e diretor jurídico do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Santa Catarina (Sinte), Ezequiel da Costa, afirmou que a gerente Regional de Educação, Dalva Aparecida Moser, tem a obrigação de levar ao governador os anseios da comunidade. "A Gered tem sim deixado a comunidade ao Deus-dará. Assim como eu, e, como todos os professores, a gerente de educação é paga pela comunidade que ela representa", disse. Conforme Costa, Dalva tem que fazer o papel de gestora e dizer que a comunidade não quer que a escola estadual seja fechada ou, pelo menos, que permaneça em meio período, garantindo o atendimento digno aos alunos, pois ninguém quer sair daquele espaço", completou.

Também foi questionado o motivo pelo qual o espaço físico do Osvaldo Aranha foi escolhido e ocupado, se há inúmeros outros prédios escolares vazios.

ACIJ solicitou a implantação de escola militar, com isso, Glória perde escola Osvaldo Aranha

Não compareceram na reunião

Maiores interessados na questão do Colégio Militar, os representantes da Polícia Militar foram convidados, mas não compareceram. Os deputados estaduais de Joinville também foram chamados, mas nenhum veio. Uma reunião pública pode ser marcada para debater novamente o assunto, com novo convite para o 8º Batalhão da Polícia Militar e para os representantes da Alesc.

Osvaldo Aranha foi criada há 59 anos e é referência em ensino

Inaugurada no bairro Glória na décado de 60, a Escola Osvaldo Aranha teve as portas abertas para a comunidade em setembro daquele ano, com o primeiro ano letivo iniciado em 1961. Na época, era apenas de Ensino Fundamental. Em 1984 passou a oferecer Ensino Médio e, em 2010, fechou as turmas de Fundamental para dedicar-se apenas ao Ensino Médio.

De 2012 a 2014 a escola foi interditada para ser evitalizada em função de problemas estruturais. Equanto o prédio era revitalizado os alunos tiveram aulas no prédio de uma faculdade que fica próxima e no mesmo bairro. No total foram investidos R$ 2,7 milhões na revitalização do prédio, em uma obra que incluiu adaptações de acessibilidade, pintura geral e substituição de forro e cobertura, além de troca de instalações elétricas, pisos, aberturas e revestimentos cerâmicos e metais sanitários dos banheiros.

Na última década, destacou-se pelas boas médias nas provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) — neste último, tinha a melhor nota entre as escolas estaduais de Joinville que participaram da Prova Brasil, com média 5,3.

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